
O Supremo Tribunal Federal (STF) retomou nesta terça-feira (9) o julgamento envolvendo Jair Bolsonaro e aliados acusados de participação em uma organização criminosa voltada para desacreditar o sistema eleitoral e articular uma tentativa de golpe. O placar até agora é de 2 a 0 pela condenação.
O relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, apresentou um voto firme contra todos os réus. Para ele, Bolsonaro não foi apenas parte, mas o líder do grupo criminoso, utilizando anotações e estruturas do próprio Estado para tentar se manter no poder de forma ilegal. Em sua argumentação, Moraes afirmou que os registros encontrados não podem ser vistos como simples “diário pessoal”, mas sim como evidências de uma trama organizada para minar as eleições.
Depois de mais de cinco horas de exposição, Moraes concluiu pela condenação integral.
Na sequência, foi a vez do ministro Flávio Dino. Embora tenha acompanhado o relator, Dino apresentou um ponto de vista diferenciado: ele também votou pela condenação de todos, mas ressaltou que nem todos os acusados possuem o mesmo grau de responsabilidade. Em sua avaliação, Augusto Heleno (ex-GSI), Alexandre Ramagem (ex-Abin) e Paulo Sérgio Nogueira (ex-Defesa) devem receber penas distintas por não terem tido o mesmo peso na condução dos atos.
Segundo Dino, “os níveis de culpabilidade variam, e as punições precisam refletir essa diferença”. Essa divergência de entendimento não muda o resultado até agora, mas indica que o julgamento pode seguir com nuances importantes entre os ministros.
Outro episódio que chamou atenção foi a postura do ministro Luiz Fux, que interrompeu Alexandre de Moraes em duas ocasiões, mesmo antes de iniciar seu próprio voto, previsto para a sessão desta quarta-feira (10). O gesto foi visto como sinal de que o próximo voto pode trazer divergências relevantes dentro do colegiado.
Assim, o julgamento segue nesta quarta-feira com grande expectativa, já que o voto de Fux pode alterar a dinâmica das discussões e abrir novos rumos no caso.